"Excluídos" é o novo filme de suspense da Netflix, e foi anunciado como uma trama fortissíma. Ele chegou a ser considerado o "CORRA!" da plataforma de streaming. E, de fato, ele mira em "CORRA!" com um clima de terrorzão, mas acaba acertando em um Casos de Família do SBT.

A sinopse é boa, e o filme já começa com uma cena que nos deixa curiosos e com um grande ponto de interrogação na cabeça? Aliás, os primeiros 20 minutos de filme também são bem intrigantes. Fica aquela sensação de angústia e um certo medo do passado da personagem Neve (Ashley Madekwe), que claramente não suporta ser uma mulher preta e faz de tudo para ser a branca mais perfeita da sociedade. E ela tenta fazer isso com os seus dois filhos, mas eles nadam na maré oposta ao da mãe e não se importam com sua raça. Pelo contrário, ambos se afirmam pretos e com orgulho, para seu desespero. Nem o marido branco de Neve tenta jogar sua negridute para debaixo do tapete, o incômodo é dela própria. E por aí a gente já deduz que esse seu racismo velado pode estar relacionado ao mistério que ronda seu passado. Mistério esse que chega a soar como sobrenatural mas logo vem à tona que tudo é mesmo um drama familiar.

Cenas depois, logo vemos Neve bastante incomodada com a presença de um novo funcionário na escola onde ela é vice-diretora e também professora. E sim, esse funcionário é um homem preto. Ela também não gosta nem um pouco de saber que o marido contratou uma pessoa de cor para auxiliá-lo em seu o escritório e não demora muito para essas duas novas figuras começarem a rondar, e azucrinar, a pouca paz que Neve tem. Ambos também vão se aproximando de seus filhos e começam a criar um laço importante de amizade, visto que eles são os únicos pretos daquela pequena cidade em que habitam.

Incomodo instalado + aproximação feita = estrago na certa!

E é aí que o grande segredo de Neve é revelado. É, dessa vez você não precisa esperar até o final do filme para saber os motivos que levaram a protagonista a agir da forma que agiu. Já na metada da história, tudo é jogado no ventilador. Se bem que, com as poucas pistas que foram lançadas lá atrás, o desenrolar é tão óbvio que desanima. E é à partir desse desenrolar que a coisa também desanda.

O filme perde o ritmo, fica raso e você carna um ranço de Neve, torce para que aquelas duas misteriosas figuras consigam sua vingança e fica esperando por algo grandioso e perturbador! Mas o que vemos é mais da ira familiar mesmo. Com algumas verdades sendo ditas mas nada de concreto sendo resolvido. Ou seja,  o filme começa do nada e te leva a lugar nenhum. Tem muita coisa mal explicada e algumas situações não foram muito bem trabalhadas, e há personagens que poderiam acrescentar um pouco mais a trama mas não foram devidamente aproveitados (como o colega de escola do filho de Neve, que é racista e deixa a entender que a qualquer momento fará algo com o jovem, mas ele tem um corte brusco e o resultado desse corte é completamente ignorado). E a postura de Neve diante do caos que se formou por conta de suas mentiras, revolta e incomoda. Ela é uma criatura extremamente narcisismo, egoísta, covarde e, pra piorar, racista! E não tem nada pior do que um preto racista. E uma mãe preta racista que não ama seus filhos.

Mas pra não dizer que nada se salva em "Excluídos", o final do filme é surpreendente! Fazendo jus ao título escolhido.

Concluindo: O filme deixa muitas pontas soltas que talvez fossem melhor amarradas, desenvolvidas e resolvidas se "Excluídos" fosse uma série. Assista por sua conta e raiva.

Excluídos (2023)
Título original: The Strays
Direção: Nathaniel Martello-White
Elenco: Ashley Madekwe, Jorden Myrie, Bukky Bakray, Maria Almeida, Samuel Small e Justin Salinger.

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